Você sabe o que é e como funciona um Rally?

Modalidade reúne as principais competições de regularidade, velocidade e cross country do mundo, colocando à prova pilotos e suas máquinas.

WALKNER Matthias, during the dakar 2019, Stage 9, Pisco-Pisco, Peru, on january 16 - @World / ASO/ Charly López
Rally é um esporte automotor em que são disputadas competições off road, o que quer dizer “fora da estrada”, que tem como principal característica a disputa em locais abertos, públicos ou privados. Os veículos em sua maioria são modificados para aguentar os desafios e exigências das provas.

Um rally pode ser dividido pelo seu objetivo: regularidade ou velocidade. Como o próprio nome já sugere, no de regularidade o piloto tem como principal objetivo se manter no trajeto dentro de um tempo pré-estabelecido pela organização da prova, como explica Adilson Kilca, que trabalha em competições de rally há 29 anos, e há 22 é diretor de prova de um dos maiores ralis do país, o Rally dos Sertões, além de presidente da comissão de rally da Confederação Brasileira de Motociclismo (CBM).

“O piloto tem que manter uma performance constante e conseguir chegar nos pontos (de controle) com a média estipulada e o mais próximo possível do horário previsto, desde que ande naquela média”, explica Kilca.

Esse tipo de disputa geralmente é feito em terrenos com maior grau de dificuldade, colocando à prova o piloto e também o veículo. Os ralis de regularidade são os mais comuns, sendo a forma de disputa de grandes competições, como o Rally Dakar e o Rally dos Sertões, nos quais ser o mais rápido nem sempre garante a vitória.

“É colocado à prova a habilidade e a resistência do piloto e a performance e resistência do equipamento, um conjunto de andar rápido e conservar o seu veículo”, pontua Kilca, destacando que vence quem consegue andar rápido e manter o veículo em boas condições até o fim da prova.

Reprodução Instagram @sertoes / Tunico Maciel, campeão da categoria motos do Rally dos Sertões 2019
A maior e mais importante competição de rally do mundo hoje é o Rally Dakar, disputado desde 1978, com edições na Europa, África e América do Sul. Segundo dados da entidade organizadora, a Amaury Sport Organisation (ASO), o percurso de 8 a 15 mil quilômetros é longo e dividido em etapas em desertos e trilhas no mesmo percurso. Isso torna o Dakar uma das competições mais difíceis de vencer. A competição é dividida por categorias de veículos, como carros, motos, caminhões e quadriciclos. Geralmente, o percurso é igual para todos os automóveis. No Rally dos Sertões, o percurso é dividido em etapas, sendo uma por dia, com trechos cronometrados.

Reprodução Instagram @dakarrally / Toby Price / A.S.O / DPPI / F. Gooden
Já os ralis de velocidade, são normalmente disputados em pistas dentro das cidades, com trajeto único, sem tantos obstáculos quanto o de regularidade, para que o piloto possa dirigir mais rápido. As provas são acirradas e desafiam as habilidades da direção. 
Kilca afirma que o ralis de velocidade é normalmente disputado por veículos em trechos mais curtos, “não mais que 25 a 30 quilômetros, no máximo”. A principal competição da modalidade é o Campeonato Mundial de Rally (em inglês, Word Rally Championship - WRC), no qual apenas carros participam.

Para uma pessoa que deseja se tornar piloto de rally profissional, algumas etapas são necessárias. Kilca explica que os rally de regularidade passam, muitas vezes, por trechos de cidades, onde a legislação de trânsito é soberana.

“Para se competir dentro de uma prova de rally, a gente tem que obedecer às normas de legislação brasileira de trânsito, o piloto para correr tem que ter no mínimo 18 anos e ser portador de uma carteira de motorista”, frisa Kilca.

Existem também pilotos menores de idade que competem em ralis pelo Brasil. Para isso, o trajeto da competição não pode passar em perímetros urbanos ou estradas abertas, sendo realizada em pista fechada, dentro de uma fazenda, por exemplo, e claro, mediante autorização dos responsáveis.

Dentro dos ralis de regularidade, temos o Cross Country, disputado em diferentes circuitos que podem mesclar trilhas e desertos, com um desafio a mais para os pilotos, o desconhecimento do trajeto antes da prova. Desse modo, os competidores tem que se orientar pelo livro de bordo. A prova exige muito da parte física do atleta, pois os terrenos do Cross Country possuem obstáculos naturais, inclinações, trilhas estreitas.

“São provas longas, com especiais (etapas) e com mais de 13 dias de duração, ou seja, o trecho cronometrado acima de 100 quilômetros, normalmente de uma cidade para outra, exige mais do piloto e do equipamento”, explica Kilca.

Temos ainda o Rally Baja, uma competição de cross country de menor duração, com até dois dias de competição. Nesta prova, o piloto não tem um livro de bordo para se orientar, as marcações feitas na pista pela organização é que vão indicar o caminho para os pilotos. É disputada em pistas fechadas, como uma fazenda ou um terreno pré-definido. O percurso do Baja não passa por perímetros urbanos, como rodovias ou ruas dentro de cidades, por isso nele é permitido competições com crianças menores de idade, sem carteira de habilitação, mas apenas com a autorização dos pais ou responsáveis.

Copa Baja SP de Rally 2015 / na foto o piloto Ramon Sacilotti; reprodução: @rallybaja_sp
Ricardo Martins, terceiro colocado na categoria motos na edição desse ano do Rally dos Sertões e piloto da equipe Yamaha Brasil, explica que disputar um rally vai muito além dos desafios que os terrenos proporcionam, mas também a intensa preparação do piloto diariamente para chegar bem na competição.

“Eu treino praticamente todos os dias. Três vezes na semana com moto, mais duas vezes com bike, duas vezes natação, uma vez pilates e mais duas vezes academia, intercalo essas cinco pontas”, ressalta Ricardo.

Arquivo pessoal de Ricardo Martins
Ricardo ainda elenca três pilares para que o piloto tenha bons desempenhos dentro das pistas, “Começa pela parte física, você tem que estar muito bem treinado e tem que tirar muito do seu tempo para isso, você tem que ser um atleta. Depois você tem que ter um equipamento seguro, um equipamento bom para poder competir e por último, é muito importante que você tem uma equipe boa, uma equipe que consiga te dar toda atenção e cuidar de tudo que precisa para poder fazer um bom rally”, enfatiza.

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